Iniciativa pioneira no setor de construção civil, a empresa investiu dois anos de trabalho no desenvolvimento e conclusão de seu inventário de carbono. O grande desafio do projeto foi criar e adaptar uma metodologia que permitisse medir os níveis de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). A forma encontrada para fazer o inventário consiste em utilizar como base um indicador em metros quadrados construídos e entregues no ano e o volume emitido na construção.
Segundo Debora Rolino Novaes, da empresa Ativos Técnicos e Ambientais (ATA), que prestou consultoria para a Even, a seleção de materiais que emitem menos carbono na sua fabricação, assim como de fornecedores cujos processos de produção são menos intensivos em emissões de carbono, são passos importantes. Além disso, como compradoras de materiais, as construtoras podem usar seu poder de influência para induzir os fornecedores a adotarem processos de gestão de carbono, que acabarão reduzindo as emissões no setor como um todo. Leia abaixo a entrevista completa com Debora sobre como a construção civil pode reduzir emissão de GEE.
AEA – Qual a situação do setor da construção civil em relação à emissão de CO2 na atmosfera?
Debora Rolino Novaes – A construção civil tem emissões de grande relevância, principalmente se considerada toda a cadeia de valor. Vários estudos conduzidos pela ATA confirmam que a maior parte das emissões do setor está na fabricação e no transporte dos materiais de construção. Assim, tanto no Brasil quanto no mundo, cimento e aço são os maiores emissores industriais. No Brasil, por exemplo, a siderurgia responde por cerca de 35% das emissões de carbono do setor industrial, enquanto a produção de cimento responde por 19%.
AEA – Como as empresas de construção civil podem vender créditos de carbono, ao limitarem a emissão de gases de efeito estufa? No Brasil isso já ocorre?
Debora – Originar créditos de carbono ainda não está no foco do setor neste momento. O benefício de limitar as emissões está no valor atribuído à marca e aos produtos da construtora. Além da Even, algumas das construtoras líderes do mercado estão agora implementando e divulgando seus primeiros inventários de emissões, seguidos por programadas de redução.
AEA – Quais as principais ações que podem ser adotadas pelas construtoras a fim de reduzir as emissões de carbono?
Debora – A seleção de materiais que emitem menos carbono na sua fabricação, assim como de fornecedores cujos processos de produção são menos intensivos em emissões de carbono. As construtoras podem usar seu poder de influência da cadeia de valor, uma vez que são compradoras de materiais, para induzir os fornecedores a adotarem processos de gestão de carbono.
AEA – Como é o processo a construtora deve seguir para reduzir as emissões?
Debora – Os inventários de carbono na construção civil são bastante complexos, uma vez que a grande maioria das emissões são indiretas, ou seja, estão fora das obras, nos fabricantes de materiais. Assim, organizar os inventários de forma completa é uma tarefa desafiadora, e é neste ponto que o setor se encontra no momento. Há a percepção de que é necessário reduzir as emissões, independente de gerarem créditos de carbono.
AEA – Como avalia a iniciativa da Even de criar e implantar uma metodologia voltada à redução da emissão de gás carbônico?
Debora – A Even é uma empresa voltada para a sustentabilidade de suas atividades e produtos. A empresa elegeu as emissões de carbono como um dos vetores da sua política de sustentabilidade, e passou atuar fortemente sobre ele. O esforço de desenvolver e divulgar esta metodologia é uma importante contribuição da Even para a sustentabilidade do setor da construção civil, e para a sociedade como um todo.
AEA – Como foi o desafio de criar essa metodologia para a Even, que segue as diretrizes da ISO 14.064-1?
Debora – O desafio foi grande. Nosso trabalho consistiu em caracterizar e quantificar as emissões de todos os itens que compõem as obras da Even. São milhares de dados a serem compilados, verificados e compostos no cálculo dos fatores resultantes. Isso foi um trabalho inovador, ajustando os critérios das normas internacionais para as particularidades do setor de construção civil no Brasil. Além da norma ISO 14064-1, a Even segue o GHG Protocol para seus inventários corporativos de carbono.
AEA – E dentro do canteiro, durante a obra, na montagem, o que provoca as maiores emissões?
Debora – No canteiro as maiores emissões são do consumo de diesel em máquinas operatrizes que fazem o movimento de terra, e outros equipamentos como, por exemplo, o bombeamento de concreto para superestrutura.
Serviço: A Even disponibiliza informações sobre seu Inventário de carbono no link: